o real interesse de olga belov por guimarães rosa nos rendeu a sua complexa tese de doutorado: problemas de (in)traduzibilidade em a hora e a vez de augusto matraga, de joão guimarães rosa nas versões de língua inglesa e russa (2008), a quem a editora da ACB chamou de a força da tradução, num titulo pomposa e que de modo algum traí a questão do texto do estudo, todavia atrai nossa curiosidade, como isso se desenrola?
a citação inicial do trabalho é do francês jacques derrida:
"dentro dos limites em que é possível, em que elo menos parece possível, a tradução pratica a diferença entre significado e significante. mas, se esta diferença nunca é pura, a tradução também não o é, e temos de substituir a noção de tradução por uma noção de transformação: transformação regulada de uma língua por outras, de um texto por outro"
na frase do pensador citado a noção de tradução assume claramente caráter de alteridade. para uma noção de alteridade o outro é diferente do mesmo porque tem suas peculiaridades e particularidades, a língua a saber, como no exemplo em questão.
o trabalho de olga belov usa duas expressões chaves: texto de língua de chegada e texto de língua de partida: as tais siglas tlc e tcp. em outras palavras: dizer algo em outra língua re-configura (desfigura?) a forma, traduttore traditore.
o trabalho de olga belov usa duas expressões chaves: texto de língua de chegada e texto de língua de partida: as tais siglas tlc e tcp. em outras palavras: dizer algo em outra língua re-configura (desfigura?) a forma, traduttore traditore.
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olga belov discute amplamente aquilo que pode ser compreendido como a tradução que assume carater de transformação: de outra forma: olga belov dialoga com a frase do pensador citada acima de maneira brilhante e o faz em mais de 400 páginas.
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uma citação
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MATRAGA NÃO É MATRAGA, não é nada. Matraga é Esteves. Augusto Esteves, filho do Coronel Afonsão Esteves, das Pindaíbas e do Saco-da-Embira. Ou Nhô Augusto -- o homem -- nessa noitinha de novena, num leilão de atrás da igreja, no arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores, do Córrego do Murici.
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Na versão de língua inglesa lê-se:
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MATRAGA IS NOT MATRAGA, or anything. Matraga is Êsteves. Augusto Êsteves, te son of Coronel Afonsão, of Pindaíbas and Saco-da-Embira. Or Mr. Augusto, Nhô Augusto -- the man -- on the everning of a novena, at the auction behind the church in the vilage of Our-Lady-of -Sorrows-of-the Creek-Muricí
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(...)
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Na versão russa, por sua vez, lê-se:
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Matraga -- nikakói on nié Matraga, nitchevó pokhójevo, Matraga -- on Esteves. Augusto Esteves, sýn polkójevo Estévessa, Bolchóvo Alfonso, u kotórovo pomiêstia v pindaíbas i v Saki-da-Embira. Libo Nhô Augusto -- kak zváli ievó v tu notch na autsióne, kotóry prokhodíl na zádniem dvrié za tsékoviu Bogomáteri Skorbiáschei, gdié tól'ko chto otslujýli deviatíny, a býlo éto v mestêtchke Corrego-de-Murici.
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como retroversão, teremos:
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Matraga - ele não nenhum, nada disso, Matraga -- ele é Esteves. Augusto Esteves, filho do coronel Esteves, O Grande Afonso, que possui propriedades rurais em pindaíbas e no Saco-de-Embira. Ou Nhô Augusto - como o chamavam naquela noite no leilão, que se realizava no patio atrás da igreja de mãe-de-Deus Dolorosa, onde acabaram de celebrar as novenas, e isto ocorreu no lugarejo do Córrego-do-Murici.
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olga belov discute amplamente aquilo que pode ser compreendido como a tradução que assume carater de transformação: de outra forma: olga belov dialoga com a frase do pensador citada acima de maneira brilhante e o faz em mais de 400 páginas.
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uma citação
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MATRAGA NÃO É MATRAGA, não é nada. Matraga é Esteves. Augusto Esteves, filho do Coronel Afonsão Esteves, das Pindaíbas e do Saco-da-Embira. Ou Nhô Augusto -- o homem -- nessa noitinha de novena, num leilão de atrás da igreja, no arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores, do Córrego do Murici.
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Na versão de língua inglesa lê-se:
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MATRAGA IS NOT MATRAGA, or anything. Matraga is Êsteves. Augusto Êsteves, te son of Coronel Afonsão, of Pindaíbas and Saco-da-Embira. Or Mr. Augusto, Nhô Augusto -- the man -- on the everning of a novena, at the auction behind the church in the vilage of Our-Lady-of -Sorrows-of-the Creek-Muricí
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Na versão russa, por sua vez, lê-se:
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Matraga -- nikakói on nié Matraga, nitchevó pokhójevo, Matraga -- on Esteves. Augusto Esteves, sýn polkójevo Estévessa, Bolchóvo Alfonso, u kotórovo pomiêstia v pindaíbas i v Saki-da-Embira. Libo Nhô Augusto -- kak zváli ievó v tu notch na autsióne, kotóry prokhodíl na zádniem dvrié za tsékoviu Bogomáteri Skorbiáschei, gdié tól'ko chto otslujýli deviatíny, a býlo éto v mestêtchke Corrego-de-Murici.
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como retroversão, teremos:
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Matraga - ele não nenhum, nada disso, Matraga -- ele é Esteves. Augusto Esteves, filho do coronel Esteves, O Grande Afonso, que possui propriedades rurais em pindaíbas e no Saco-de-Embira. Ou Nhô Augusto - como o chamavam naquela noite no leilão, que se realizava no patio atrás da igreja de mãe-de-Deus Dolorosa, onde acabaram de celebrar as novenas, e isto ocorreu no lugarejo do Córrego-do-Murici.
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lugar comum
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> nenhuma língua é universal porque nenhuma língua é uma equação matemática: o que o autor pode dizer de universal (ideia) jamais será dito do modo como deveria ser dito. do modo como foi dito (forma).
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> se língua alguma é universal, nenhum povo é superior: cultura alguma é superior.
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> nenhuma língua é universal porque nenhuma língua é uma equação matemática: o que o autor pode dizer de universal (ideia) jamais será dito do modo como deveria ser dito. do modo como foi dito (forma).
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> se língua alguma é universal, nenhum povo é superior: cultura alguma é superior.
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> verter guimarães rosa para o português é ao seu turno uma tarefa complicada. a língua de guimãraes rosa é outra e dizer isso é um lugar comum.
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> a região é tão universal quando o universo.
> verter guimarães rosa para o português é ao seu turno uma tarefa complicada. a língua de guimãraes rosa é outra e dizer isso é um lugar comum.
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> a região é tão universal quando o universo.
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