“Corpo e Tempo”, “Tempo e corpo”, o “Corpo”, o “Tempo”: são palavras muito antigas escolhidas como tema para a exposição dos trabalhos realizados na Oficina do Museu Rodin da Bahia, sob a égide – sem exagero algum – da Educadora Valécia Ribeiro. Tanto quanto antigas estas palavras são sobretudo originais, na medida que são, enquanto palavras, atualizadas pela própria existência do Homem-no-Mundo e do Mundo-no-Homem.
Com efeito, talvez sejam alí mesmo, anteriores aos mitos de Kronós e Criação – Teogonia – uma vez que tudo ocorre e decorre independente dessa necessidade do Homem de dar Nomes às coisas e conceituar bem como fazer Filosofias... (Embora tudo comece qdo é dito o fiat, qdo a palavra é dita).
Ora, dizer Tempo é atualizar na historicidade e História do Homem-no-Mundo a essência de sua vivencia que no Tempo mesmo o Homem inventa em sua espacialidade e caminho.
Sendo o corpo a primeira experiência humana em qual momento desse mesmo experienciar-a-si-mesmo , consciente de sua existência, o Homem acena para o sentido profundo de Tempo? “Por conseguinte, o que é o Tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explica-lo a quem me pergunta, então não sei...” Santo Agostinho, Confissões, XI, 14, pág. 338. ed. Paulus.
Alías, não havendo Tempo senão pelo envelhecer e perecer das coisas e não como realidade palpável em si mesmo, onde o Homem inquieto de sua espacialidade Limitada e Limitante, alcança Tempo e Fluir, por isso e para isso, encarnado no Mundo?
Para além da subjetividade de cada Tempo e em cada individuo e para todo Eterno que o Homem delimita para não enlouquecer que o Fazer artístico pelo modo de dialogar com o futuro pelo presente cristaliza e territorializa, pela urgência do Novo e porque nascer e morrer não deve finalizar sua existência – do artista, obviamente – sedenta do não visto.
O Tempo da arte deve ser o não-haver-tempo no corte colorido ou não que o Fazer do artista produz. E há a Beleza (ομορφιά) que não sabemos o que é uma vez que: “... a beleza é uma coisa terrível e espantosa. Terrível porque indefinível e não se pode defini-la porque Deus só criou enigmas...” Dostoievski (1821-1881), Irmão Karamazovi, pág. 94. Ed. Nova Cultural.
Houve o Tempo de aprender sob a Luz de Valécia Ribeiro como houve o Tempo para ela aprender pelo Mundo e nessa tessitura de saberes, na esteira do amor e da Curiosidade, que fora re-afirmada Luz em oposição às trevas, – ignorância, a saber – e agora compreendido, com a consciência de que tudo é Processo, encerra.