20.3.09

*כִּי-עַזָּה כַמָּוֶת אַהֲבָהכִּי-עַזָּה כַמָּוֶת אַהֲבָה


O conceito é de dupla evocação: se a pós-modernidade é época de dissoluções, é sobretudo época de convergências também. Lugar de heterodoxismos, polifonia, no dizer de M. Baktin em outro contexto onde aqui pela esquina do absurdo, Surrealismo encontra o Barroco, num mesmo trabalho de colagem, como sugerido pela professora Valécia Ribeiro.

Há o Transbarroco como superação do Barroco, além Barroco, no meio do processo: infelizmente diferente da minha proposta. Proponho nessa obra algo como o Surrealismo (Max Ernest, especialmente in Floresta com Sol, 1925) que atravessa o Barroco. Aquilo do Sol e da Lua na mesma paisagem morta, envolta em trevas, Claro e Escuro, Dia e Noite que também é a um só tempo o sepultamento do coração enquanto romantismo ou para ser mais preciso, pieguismo. De onde o paradoxo Vida e Morte e toda a problemática daquela “pérola imperfeita” reclamando à Arte mesmo seu locus de “teatro sacrum.”

Daí há uma terceira evocação, entrecortada enquanto crítica, algo igualmente comum aos pós-modernos, incapazes do originalmente novo evocar no seu Fazer: dupla critica. Surreal, penso, é paisagem de Sol e Lua: metáfora igualmente das dicotomias Barrocas que se me atravessa o crânio, como no delírio do Amor, do Amante.
 
*(Por que o amor é forte é como a morte Ct. 8,6)