3.12.09

2





repara teu corpo,
tramas de 1 bilhão de hiatos,
diz

é como a bola que a neve lança
é como neve daquela lança

daquela época
daquele infante

repara a dança
repara e canta:

lança teu corpo daquela ponte
diz o teu nome em
tom e

quando cola da neve
cola na lança

o teu corpo
naquela banda

do mundo

repara a dança enquanto diz
a bola a neve
repara a sombra
que deixa bem leve

encanta encanta encanta

repara a prece homem
homem

repara a idade daquela era
lança teu corpo daquela prancha

mergulha, desce, afunda
repara o verso que disse o cego

repara o eco daquele velho
repara o mapa o catalogo

check in

repara. repara.

25.10.09

ele tem um jardim

"Os sentimentos residem no homem
mas o homem habita em seu amor"
eu e tu, m. buber, I, 22.


daquele lado
tua mecha é
passageiro que atravessa
o bilhete
a nota por dizer
teu nome sacro

caim,
porque roubaste o perfume
dos meus cachos?

e o poema daquele lado
do travesseiro
missiva
para iniciados

turbamulta
(pederastas)
e procissão pela 
praça

falo agora
caim
calo e hora
teu hálito
esconde
cancro,
castro.

24.10.09

®


:

canta agora,
antes que shimidt apague
tua voz

7.10.09

Lázaro


“Juventude é uma besta incongruente e cega. Anseia por alimento mas não come, é demasiado tímida para comer.” 
Nikos Kazantizakis – Testamento para El Greco,
 Ed. Artenova, Trad. Clarice Lispector



Lázaro, até que sua arrogância não o inflasse, seguiria a pé até Jerusalém. Há época para todo tipo de acontecimento: para Lázaro o milagre. Ele, senhor de si e dos enganos, convertia pássaros em agonia. Retórico, não era capaz de pensar sem longas perorações: 

"José, o que te direi se não sobreviver?
Que sou um perfeito imbecil?
Teimoso até em minha morte?
Ou que não saberia fazer da vida  metáfora de coisa maior?
Ora, amanhã cedo partirei para outro lugar. Sim. Não sei ainda para onde. Talvez para casa da minha infância."

Desta vez lhes garanto caros, fora uma exceção.
E foi assim que fez, contou moedas e mentiras, teimoso, não esperou pela promessa que lhe fora revelada em sonho, levantou cedo, isso mesmo, da tumba ao berço. Era ansioso demais para aguardar sua própria morte.

E sua viajem não acabava nunca. Dava-se por repetições tão absurdas que, naquele parágrafo em que era arrogante, necessitava conciliar seu choro estridente por sede e cansaço: não saberia com precisão decifrar a agonia de quando criança. Anacrônico, já podia citar Funes, O Memorioso, sem ofender Borges pela frouxidão do seu estilo, ou melhor dizendo, das suas recordações. 

O resultado era uma vida tensa. Ora domador de cavalos, ora contador de histórias estranhas, contribuía com a atualização do Midraxe-hagadá. Capaz de falar de árvores e pássaros. Do vento fresco que lhe tomava a fronde no outono, da água fresca tal vento da frase que passou e tâmaras, muitas delas, sem figurar nada disso como pintura de quadro para liberdade: amava imagens sobre o campo. Isso. Nada. Lázaro.


Henrique Henrique





3.10.09

Aplausos e Sem título provisório


Sem título provisório

da minha máquina obituária
de tudo e nada e o mesmo
a máquina de dizer beleza
de trair beleza:
a máquina de fazer poemas
ela:      
diz um poema que agrada
até que nada os aplauda.

5.9.09

projeto uníssono



jovens poetas  jovens no projeto uníssono,
confiram. 

> beata beat fulminante, ( ), (leleleleminski) (álvaro andrade)
> voyeur, poética do grilo, ideusgrama (gibran sousa)
> "poema sem título", de separação e saio (diego ribeiro)
> o entrevistado disse, na entrevista: ( james martins)
> pálpebras azuladas ( leandro rafael perez)

    28.8.09

    .
    .
    .
    .
    .
    um bosque devastado nos acolhe
    .
    .
    .
    .
    .

    21.8.09

    natura, natura. n

    quando afagia 
    gosto numa
    porção de hálitos
    e outra persona

    insana reclama
    afago 
    a costa norte
    as  costas castas  
    a boca e a língua tocam a faca
    cubículo aceso
    o gesto da fala 

    vácuo
    nozes, castanhas
    e a luz da lâmpada
    que modifica a  forma
    no olhar
    ou ajeita no canto
    maçãs na 

    palheta.

    18.8.09

    Jó e outros ecos

    Da Critica da Razão Pura até a Critica da Razão Cínica, i. e., do século do idealismo alemão (XVIII-XIX), até o século XXI, no seu discurso de pós-modernidade e pós-cristianismo, o que fica, mesmo para quem sequer leu a introdução daquele feixe hermético kantiano ou ainda do trabalho de fôlego do contemporâneo Peter Sloterdijk, é a própria critica.

    O que faz esta forma de expressão tão comum ao senso comum não ser tão só mais uma expressão comum, – pergunta. Resposta: seu objeto. Em Kant ou em  Peter Sloterdijk  o que dá nobreza a questão repousa no que acena, no que aponta em staccato ou não: o Homem que, desde sempre, é questão pouco compreendida, muito investigada e quase nunca alcançada no seu fulcro, cerne, centro.

    O que em nossa mente raciocina é o amor, no dizer/citação de Ezra Pound naquele canto famoso: e dizer Amor é desviar o foco a uma dimensão mais compreensível pelo que de sensível há em dizer humano, em dizer Homem, como quem quer delimitar um problema demasiado espinhoso com outro igualmente problemático. 

    Dizer Homem ou Amor não é tão somente evocar uma escusa para critica: é situar o sujeito num lugar de tensão fecunda (απορια), onde os pólos daquilo que o inquieta nos faz junto a Santo Agostinho afirmar: "fizeste-nos para Vós e inquieto está o nosso coração enquanto não repousamos em Vós" ou "meu peso é o amor porque com ele sou levado para onde sou levado": aqui, a saber, o motivo de nossa inquietação: a Dor para Jó.

    Antes mesmo que Ovídio lamentasse sua desgraça:

    “Donec eris Felix, multos numerabis amicos.
    Tempora si fuerint nubila, solus eris”
    Tristia, I, 9, 5-6

    Ou aquele imperador famoso lamentasse com seu servo o dia perdido: “amici, diem perdidi”, ou Hilda Hilst (citando/evocando Simone Weil) blasfemasse no seu belíssimo Poemas Malditos, Gozosos e Devotos onde aquela no mesmo abismo buscasse fundo naquela.

    Ou até mesmo a fria Marguerite Yourcenar assumisse em entrevista que viria a tornar-se livro mais tarde a Matthieu Galey ou no seu igualmente clássico Peregrina Estrangeira, obra póstuma, a falta de fé que é outro nome para dizer o problema deste texto aparentemente confuso: (é estilo, acredite em mim). 

    Ou o filosofo da juventude inquieta (Nietzsche) em sua sanha-trauma anticristã nos perturbasse: a voz agoniada de Jó já se fazia ouvir de cima do monte de fezes, furúnculos e beleza, no tema eterno e para o tema eterno.

    Aquela voz que não é trágica como já explicou Emmanuel Carneiro Leão pelo que há de “esperançoso” no fundo da questão: o Deus que lhe amolece os ossos é o Deus que ele ama em suas delicias, em suas doçuras como já ironizado em Clarice Lispector.

    A questão, caríssimos, é a Dor: que justifica como o Amor, muitas misérias. Exceto o medo que impede do lançar-se, colocar-se no caminho, nessa senda escura (Vida), e que neste desconforto do estar no mundo faz desabrochar todo o sentido.

    “Pele por pele!, – respondeu Satanás. O homem dá tudo o que tem para salvar a própria vida.” (Jó 1, 4) é o que diz o primeiro filosofo da história: talvez e  ainda naquela questão pelo Homem do segundo parágrafo.

    Para alguns a palavra de ordem é magnanimidade, para outros, aquele desatino infeliz, como na bela película 7 Pounds que em português pode ser vista por 7 Vidas.

    P.S.:

    O que diz Vossa Reverencia da dor, poderia dizer também da alegria.
    Eu sei... Tive também minhas alegrias... Toda alegria inocente é uma migalha que nos restou do Éden... Mas a alegria não precisa de nós Sebastião. É a dor que requer nossa caridade...

    A Obra em Negro, M. Yourcenar, Ed. Nova Fronteira, 1981, 3ª Ed. Trad. Ivan Junqueira.

    como um soco num rinoceronte




    #

    e sua forma:
    pelo nome
    eco que diz

    e
    vai soooooooando
    como um soco num rinoceronte.

    e cala.
    antónia,
    tuas flores desta estação
    viçosas,
    eriça os poros as veias os
    recados de amor
    os retratos do
    eco
    em norma.
    em soco.

     

    29.7.09

    poesia poesia


    1:1/P1

    novo é blog da uníssono. projeto de jovem poeta para fazer ouvir em uníssono, sim, a um só som, uma só voz, o que fala a boca, a palavra, a escrita-jovem, daqueles jovens poetas pouco conhecidos de uma certa mídia para gigantes do brasil quase alfabetizado.

    não é gueto.
    - espero.

    trata-se de à maneira de mural ou painel, lançar pelo veiculo da moda, o blog (twitter também) a escrita de jovens autores igualmente obcecados pela escrita, tal o criador da página e projeto, j. salazar.

    tenho o dito.




    20.7.09

    contra senha

    amo amo amo 
    restos, 
     ou o que não há mais 
    nos textos da moda 
    lojas de verso 
    de palavra 
    eles dizem 
    para aquele rapaz, 
    eles dizem 
    amado, amado: com a vergonha 
    do dizer seu ato, 
    assumir seu ato, 
    não, 
    não 
    apago.

    7.7.09

    Beatriz descalça

    Notre Musique, Jean-Luc Godard, 2004


    Hino

    é quando o dia 
    decorre
    da pele
    dela
    branca  neve ou
    branca a mármore
    e Beatriz desce
    do alto
    e seus pés à vista
    excita
    sol e
    mi
    e de cheio
    eu creio no que vejo
    tornozelo n(ú)
    mármore branco
    o dedilhar da 

    fria pedra
    quando 

    ela desce
    camaradas.

    5.7.09





    #

    Era maluco,
    com o livro de Pound debaixo do braço:
    não articulava som algum,
    y-lógico

    Sem sentido,
    tomava conhaque:
    às musas,
    vinho e almanaque.

    Mais não rimava,
    era maluco.

    10.6.09

    Dante e a Virgem

    Dante Alighieri (1265 -1321) era homem de temperamento difícil: reza a lenda que estando na corte Bartolomeo Della Scala, aquele, lhe interpelara de seu temperamento aborrecido: “me divirto com os bobos da corte, estes me fazem rir... ao passo que homem tão sábio sempre tão mal humorado” ao que este lhe respondeu: “semelhante com semelhante”, conta Thomas Carlyle em Os Heróis. Conclua leitor, o que então, tal temperamento era capaz de fazer.

    Dado importante foi quando esse mesmo poeta embirrento encontrou Beatriz: senhora dos seus sentidos, graça da sua lira e mística: Vida Nova, lugar de conversão para a maioria, nele, se deu na visão magnífica dessa mulher misteriosa, a um só tempo arquétipo de uma porção de alegorias, que a fecunda Idade Média soube atribuir. O que nos causa estupefação é o fato de ser a própria Beatriz o Céu para Dante: de fato Céu ali é um lugar geográfico, pelo estilo de organização pitolomaico-aristotélico e habitado por figuras ilustres: Santo Tomaz de Aquino, São Francisco de Assis, São Bento et caterva.

    Entrementes, quando lemos :

    “Se no fogo do Amor te resplandeço
    se atendestes razões dei poderosas
    Para ficar tua dúvida solvida:

    Causa te fora a angustia afanosas.
    Mas ante os olhos ora vês erguida
    Outra ainda mais grave, que, por certo

    Não fora só por ti desvanescida.
    Já te hei bem claramente descoberto
    Que não pode mentir alma ditosa

    Pois da suma Verdade é sempre perto... ” :

    Sabeis quem é para o Poeta aqui lugar de identificação com a suma Verdade... Estudiosos debruçam-se sobre a ousadia de Dante, como p. ex. nessa passagem citada; É como dizer: todo Céu e Teologia medieval tem naquela Mulher um lugar de “antropomorfização" do divino, por falta de palavra mais justa, de neologismo mesmo, daquela mulher especifica que é modelo, forma, arquétipo, de toda uma geografia que escapa a capacidade de representação para a simples inteligência humana: quem ou o que é próximo da Suma Verdade?


    Giovanni Papani no seu magnífico Dante Vivo diz, entre uma porção de disparates, que só um florentino pode compreender a Divina Comédia: e nós, pobres mortais e soteropolitanos? Ele continua dizendo que o que levou a confecção desse sacro poema

    “em que tem posto a mão o céu e a terra
    e em que hei por tanto tempo emagrecido”
    Canto XXV, Paraíso

    Fora divida com a Virgem Santíssima, alias, outro lugar de compreensão desse fenômeno de persona em Beatriz, e que por isso fora escrito... Romance, Teologia e Mística, Poesia, strictu sensu, são focos de leitura para o caleidoscópico poema divina: de céu, inferno e imaginação, que, como no giro do objeto citado, ora se deixa ver mais claro ora, mais escuro: “Pape Satan, Pape Satan, Aleppe” Canto VII, v.1

    Eis os versos que interessa ao A VOZ DO CEPA, o tal Hino à Virgem:

    “Virgem Mãe, filha do teu Filho,
    humilde e alta mais que qualquer criatura,
    termo prefixado de eterno desígnio,

    Tu és aquela que a natureza humana
    Enobreceste de tal forma, que seu Criador
    Não desdenhou-se fazer-se sua criatura.

    Em teu ventre reacendeu-se o amor,
    Por cuja calor na eterna paz
    Assim germinou esta flor

    Aqui és nós luz meridiana
    De castidade; e em baixo, entre os mortais,
    És fonte de vivaz esperança.

    Mulher, és tão grande e tantos vales,
    Que quem deseja graças, e a ti não recorre,
    É como alguém que desejasse voar sem asas...”

    Ou pela desastrosa tradução de J. P. X. Pinheiro:

    “Virgem Mãe, por teu Filho procriada,
    Humilde e sup’rior à criatura,
    Por conselho eternal predestinada!

    Por ti se enobreceu tanto a natura
    Humana, que o Senhor não desdenhou-se
    De se fazer de quem criou, feitura.

    No seio teu o amor aviventou-se,
    E ao seu ardor, na paz da eternidade,
    O germe desta flor assim formou-se.

    Meridiana Luz da Caridade És no céu!
    Viva fonte de esperança
    Na terra és para a fraca humanidade!

    Há tal grandeza em ti, há tal pujança,
    Que quer sem asas voe o seu anelo
    Quem graça aspira em ti sem confiança
    ...”


    Paraíso, Canto XXXIII Trad. J.P.Xavier Pinheiro


    Onde se condensam pelo menos 1.500 anos de tradição cristã: aí o Magnificat, Lc. 1, 52: “Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.” Bem como o dogma da Imaculada Conceição, a toda pulcra, a casa de Deus, Theotokos, mãe de Deus.

    Toda originalidade do Canto repousa na inversão que de há muito já é inversa: o Filho que é Pai da sua Mãe que por sua vez fora gerado sem esperma, numa Virgem que, por isso, também fora concebida sem pecado: naquele temos o que só a fé valida e neste, o signo poético que encontra a mística e que, por sua vez, junto com o Je Vous Salet Marie, nos faz indagar: como isso foi possível?


    Para o leitor moderno e pós-moderno ler a Commedia é tarefa importantíssima: é só não esquecer que o prêmio Nobel de literatura do séc. XX T. S. Eliot, no belíssimo Terra Desolada, trata sobretudo do problema do homem moderno sem Deus, seco, sem capacidade de contemplar o transcendente, de fruir na mística:


    “Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
    Nessa imundície pedregosa? Filho do homem
    Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
    Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
    E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o
    canto dos grilos,
    E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
    Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
    (Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
    E vou mostrar-te algo distinto
    De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
    Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
    Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.”

    O Enterro dos Mortos, Terra Desolada, T. S. Eliot

    “O que é grande no homem é que ele é uma ponte e não um fim” (Nietzche) diz o filosofo alguns séculos depois: o arco do poema que é o da vida liga o homem a tudo: a mística, na religião, dialoga principalmente com o homem porque é mistério e a pergunta pelo Homem é pergunta pelo seu sentido no vir-a-ser e não somente no posto aí. O Real nos inquieta tanto quanto o Encoberto.

    Ainda no tema da Virgem, vale recordar o complicadíssimo Duns Scotus, quem demonstra, filosoficamente, sua virgindade: vejam depois caríssimos.

    25.5.09

    para píndaro

    "Tenho sobre
    a língua
    uma pedra
    de amolar
    cantante,
    que me faz
    invadir pelo
    fontes."

    22.5.09

    Palimpsesto






    #

    Ou como as
    formas em meu
    retrato lá
    que é casa
    e a música alta
    da banda extinta em março passado
    e pilha de recados mudos
    no criado mudo,
    dizendo amor e ódio e
    o marasmo da imagem,
    após café
    e apócrifos
    de um verso antigo
    velho,
    ultrapassado:
    onde era comum
    dizer amor,
    repito:
    dos finados.

    15.5.09

    anatómico, e







    "...Doravante, quando o homem estremece na alienação e o
    mundoo angustia, ele levanta o olhar (para a direita ou
    para esquerda,pouco importa) e avista uma imagem... "
    Martin Buber, Eu e Tu

    #

    Da garganta
    _________ao estômago e
    até a língua até as pálpebras
    lá: na laringe
    __da planta nos pés à porta,
    chaga - calota - o Nome
    orante da minha infância
    sonhos de ver Cultura
    de ver avanço;
    ______Sonho no estômago
    das entranhas,
    joelhos e
    esqueço o verso na Esperança
    e o que a mão apalpa,
    fluído.

    12.5.09

    (in)concluso

    para ilka

    ilka já disse que ele disse
    dizer quando diz sua fala:
    silêcio

    (ilka diz)

    gilson, 
    deixa de trauma
    ilka já disse
    deixa de manha
    ilka já disse
    disse?

    "então ele se põe de pé 
    para tela do computador quando espera
    pela espera que inspira aquela
    (nele) costura e
    quando interroga o real"

    e não termina o poema.

    11.5.09

    olhar a face





    #

    Santo Sudário sempre desconcertou-me: nenhum carbono o explica bem. 

    #

    addendum


    "Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
    Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
    Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
    Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
    E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos,
    E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
    Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
    (Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
    E vou mostrar-te algo distinto
    De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
    Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;

    Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó."

    the wast land, t. s. eliot, enterro dos mortos,
     trad. ivan junqueira

    10.5.09

    com o V

    poesia desem(p)licatória   

    Para Velimir Klébnikov
    Veias, vaias, vou:
    guio o distante
    instante
    e digo que vaia
    velhos:

    cegos – e a deselegância – 
    para dizer  V.
    Voto, vara, veias:
    vatapá (azeite)
    forço,
    e repito no ritmo,
    forçado:

    e velas para ela,
    a Imaculada,
    sim

    5.5.09

    Roubai todo meu sentido...

    Pois com entranhas de Mãe
    Quereis de mim ser comido,
    Roubai todo meu sentido
    Para vós 

    Ao Santíssimo Sacramento,
    Pe. José Anchieta de Portinari

    4.5.09

    estudo












    22.4.09

    oficio do tempo

    na esquina sino que
    repete aos mesmos
    de antes, 
    ..............ontem e
    amanhã,
    recado ao tempo
    para Oficio do tempo, 
    com tambores,
    ..............ou flauta 
    ou oboé.

    sorri,
    digo, 
    sorri


    não te cansas do mesmo?
    (tédio)
    não te cansas?
    (tédio)
    cansas?
    (tédio)

    louvo-O e
    Ele me quebra os ossos,
    me amolece os ossos,
    Ele.

    e
    a hora anunciada,
    sigamos.

    PARA QUE NUVENS NÃO PASSEM BRANCAS


    > No dia 21 do mês de Março, dia internacional da Poesia instituído UNESCO-ONU, fiz palestra no CEPA (círculo de estudo pensamento e ação): A apresentação chamou-se  Comentários à Poesia de Ezra Pound. Passado alguns sábados, o professor Germano Machado, padrinho querido, professor aposentado pela UFBA e Universidade Católica, o então presidente do CEPA, deu por justo oferecer certificado -- pelo modo de título -- pela palestra que proferi sobre EZRA POUND.


    > Participei de exposição no Museu Rodin da Bahia em 17/IV, às 16:00, com o trabalho porque o amor é forte, é como a morte. A exposição foi fechada com recital de Poesia que abri recitando Velimir Khlébnikov (1885- 1922) seguido dos demais artistas expostos.

    14.4.09

    elegia para abril


    abril
    despedaço-me 

    sem kadaré
     
    pontes que se
    ligam com
    outro lado
    arcos da ponte
    ao lado:
    nozes afagos
    perfume?


    o rapaz que 
    não esqueçe:

    (fios a fenecer
     fêmea que 
    começa a 
    envelhecer)

    e tem  folha
           ora

    acordar cedo
    agora
     
    e rasga o 
    recado que
    acaba o mês 
    dos fracassos
    dos acasos
    dos afagos no

    travesseiro 
    abandonado.

    só aos ratos
    aos trapos
    aos farrapos:
    sim é Abril.
    sem Amor

    diz a porta que

    tranca a casa
    :
    abriu, abril.