30.1.12

1986

Beijando-a na estação sem metrô
dentro do livro do John Donne
ou beijando-a na biblioteca,
não no jardim do mosteiro
ou no pátio da faculdade do mosteiro,
beijando-a de longe:
na espera da sua chegada beijando-a na espera
e na chegada dela
beijando-a na chegada
ou não a beijando,
esperando ela na espera para o beijo e
na chegada dela
beijando-a na sua espera.
E depois que beijar
lá na sacada
deixa-la partir
para os que não a beija,
para os que não reza.

25.1.12

mesmo tema com sutil variação.

Turris Sapientiae, 1470

não há muitos assuntos na literatura.
embora os cínicos dissimulem sempre nos seus ofícios de encher sacos com vento, de dançar com o éter ou o vazio que embora seja outro tema é uma fuga para que se não diga o que importa e é uma variação, portanto do nada e do medo ou ainda da incapacidade de dizer o que importa porque certamente é mais lucrativo ou importante para o status a imagem que a essência: o velho problema da doxa e episteme.

desde homero que as lutas são um tema. a amizade e o amor e o amor-de-amizade são os temas. desde cervantes que a amizade é um tema. que o amor é um tema e que a falta dele que leva a loucura é um tema.  que a amizade é um tema. desde dante que o amor é um tema. que a amizade é um tema. desde ovídio que o amor é um tema. que a paixão é um tema. desde lorca no seu pranto por  ignacio sánchez mejías que o amor é um tema. que amizade é um tema. que a paixão é um tema. desde yourcernar que a paixão é um tema. que a amizade é um tema. que o amor e a paixão são os temas. desde dostoiévski que o amor que salva é um tema. que a loucura é um tema. que a amizade é um tema. desde...

eu poderia enumerar um catalogo para lhes atravessar os horários das três refeiçoes do dia. o amor desde sempre é a questão da literatura e se Deus tem  nome mais encarnado esse nome é amor. é um tema.

o mal na giesta do gilgamesh é uma variação do mesmo tema. da sua ausência-presença. certamente o mahabharata deve tratar do amor. o amor vende bastante, é o tema da moda, o assunto de sempre.

21.1.12

"memento pulvis quia homo es, et in hominem reverteris" padre antónio vieira, sermão de quarta-feira de cinzas.

manoel joaquim de carvalho jr. no livro que antecede o que deveria ser chamado de marco nacional, em busca do ser, deus e liberdade, propõe amplo e orgânico estudo (como diz franco polato, na época professor na universidade de bologna). o seu programa quer  perscrutar aquilo que o próprio título propõe: deus e liberdade, bem como todos  os seus desdobramentos de afirmação e negação.

o esquema segundo polato segue da seguinte forma:

liberdade - universo material - Deus


relações:

tempo > espaço> movimento > casualidade > mundo > homem >
consciência >  conhecimento > reflexão > criação > nada > mal >
morte > vida> ato > vontade > verdade > história > dialética > ser

no capítulo dedicado à morte cito a tal anotação de manoel joaquim de carvalho jr. que tanto inquieta e que quero transcrever :[ vale dizer que seu pensamento em torno do que entendemos por morte se movimenta enquanto crítica ou aquilo que aproxime-se (e ultrapasse, transborde ou extrapole) à crítica, -- uma reflexão  -- ao modo de "heidegger" pensar Deus e o mundo e pensar "o homem" para morte ]:

                                     "Se não morrêssemos, não amaríamos."

é como dizer: a morte é um fim para a vida não para o amor uma vez que "o amor é forte, é como a morte." (Ct 8,6)







16.1.12

Evocar Max Jacob

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